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segunda-feira, 7 de março de 2011

NEM MELHOR, NEM PIOR, APENAS A MINHA ESCOLA

Eu sou Salgueiro desde criança. E por mais que denuncie a minha idade, vou dizer: sou do tempo que não havia apoteose, as arquibancadas balançavam e eram construídas e desmontadas todo ano.  Eu decorava todas as letras, vestia literalmente a camisa da agremiação e até que tentava sambar. Só que com toda a rigidez nos quadris que 15 anos de balé clássico me deram, admito que não dava muito certo. Mas não importava, o que valia era a diversão, a emoção e as boas recordações que guardo até hoje.
Eu, que digo que sou uma pessoa muito mais racional, que não choro com filme meloso da sessão da tarde, perco a linha com a minha escola. Principalmente com a comissão de frente e com a porta-bandeira. Choro, me emociono em fração de segundos e rezo com fé para o carro não quebrar e para tudo dar certo. Afinal são muitos anos de admiração, paixão e torcida. E é muito difícil de explicar para quem não tem uma escola de coração, de onde vem tanto amor. Porque amor não se explica, amor se sente.
Fazendo um flashback lá para trás na minha memória, lembro dos meus pais indo desfilar e eu ficando em casa, comendo salgadinhos previamente encomendados, e anotando todos os comentários da tv num caderno, para contar para eles quando chegassem como tinha sido o desfile, na opinião dos críticos. Se os comentários fossem bons eu esperava até acordada. Senão deixava um bilhete.
Aí veio a era do vídeo cassete, quanta modernidade, eu gravava e eles assistiam a tudo quando voltavam, sem perder um detalhe e sem gastar caneta.
Depois cresci, frequentei ensaios, desfilei na escola mirim, na principal e num ano inesquecível, de credencial, passeei por toda a escola . Quanta alegria. E um único arrependimento: por que deixei minha irmã desfilar sozinha no ano do Explode Coração? Perdi um mega desfile e a chance de ouvir “é campeã” ainda dentro da avenida. Imperdoável.
Hoje acabo de assistir mais um desfile do Salgueiro. E já fiquei tensa quando um comentarista disse que os carros vinham maiores que nunca. Gente, tamanho não é documento. Ainda mais com 4.000 componentes para passar e tempo para cumprir. E infelizmente o tempo estourou. Em 10 minutos. Pagamos um mico, ou melhor, um King Kong, que ironicamente ilustrava um dos carros. É, dessa vez não foi preciso esperar até quarta-feira, tudo se acabou na segunda mesmo. Lá se foi a chance de mais um campeonato.
Mas para tudo. Somos brasileiros e hoje é carnaval. Vamos reconsiderar gente.  Dez minutos de atraso para nós não é nada, é de praxe, fica até chato chegar na hora exata, não é isso? A gente já até calcula um atrasinho para não cometer o grave erro de ser pontual no Brasil e pegar, por exemplo, a dona da festa ainda no banho.
Vamos é comemorar mais um desfile lindo, daqueles para ficar na memória, contando de forma lúdica e descontraída mais um pouco da estória do nosso Rio.  
E apesar dos pesares, nem melhor, nem pior, é sempre lindo o meu Salgueiro, contagiando e sacudindo essa cidade.

OBS: Dani, nesse carnaval não quero nem saber, vou postar sem você ... (favor ler cantando no ritmo certo, senão perde a graça). Quem mandou viajar e ficar offline?

Um comentário:

  1. Ai, amiga, nem fale do Salgueiro... também sou Salgueirense. Menos que vc, mas sou! A escola estava DE VERDADE LINDA, mas, como sempre, os carros enormes e aquele drama todo que todo mundo já conhece. Acho até que está virando igual às chuvas do Rio de início do ano: todo mundo sabe que vai dar m., mas ninguém aprende... ninguém toma uma atitude. Todo ano o Salgueiro tem problemas com carros. Será que ninguém avisou para o carnavalesco que não dá?! Ou seria coisa que só Freud explica?! Sei lá! O fato é que mais um campeonato se foi e teremos que conter, mais um ano, o grito de "É campeã!" dentro de nós.
    Ai... ai... meu Salgueiro!!!!
    Bjs carinhosos,
    Mari

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